O litoral norte paranaense abriga uma grande e diversa fauna e flora, sendo a trincheira do que ainda resta preservado de mata atlântica no estado do Paraná. Uma região com muitas ilhas entrecortadas por rios, bacias e o mar. Nessa região – que também é conhecida como lagamar – existem várias comunidades tradicionais e a população que vive nelas é conhecida como Caiçara. Nessas comunidades os caiçaras ainda tentam manter seu estilo de vida através da pesca artesanal, do artesanato, do exercício dos saberes ancestrais personificados nas erveiras e curandeiras. Nas manifestações da Folia do Divino Espírito Santo que acontecem durante 60 dias de romaria passando pelas ilhas do litoral norte e também pela música tradicional o Fandango Caiçara, que é registrado como "Patrimônio Cultural do Brasil” junto ao IPHAN.
Entre as várias comunidades do litoral norte paranaense existe Abacateiro, comunidade onde vive Leonildo Pereira, mestre de Fandango e que carrega o sobrenome da ‘família de Fandango’ mais tradicional da região. Leonildo domina a construção das rabecas a partir da caixeta, árvore nativa da mata atlântica. Outra comunidade é Puruquara, e lá temos as criações de ostras e a casa de Vicente França, outro mestre de Fandango. Em Barra do Ararapira se encontra a Associação das mulheres Produtoras da Cataia, a qual tem o poder de manejo da árvore de Cataia, que é símbolo da região. Suas folhas são muito utilizadas para infusão na cachaça e também em receitas culinárias. 
A Aldeia indígena Kuaray Guatá Porã que também faz parte do lagamar ainda preserva as moradias de barro e a língua guarani. A casa de reza – um dos pilares da aldeia – conhecida como Opuí, recebe os rituais sagrados que acontecem todos os dias ao anoitecer; o coro e a dança, que envolvem as mulheres e os homens sob a luz da fogueira. A prática do artesanato também é uma atividade muito forte na aldeia, além de ser a única fonte de renda gerada ali. No Tibicanga temos, atualmente, a liderança do MOPEAR – Movimento dos Pescadores local. Barbados é outra comunidade que se destaca por seu excelente projeto de educação do campo liderada pela professora Rosália Lopes Michaud.
Taquanduva é a menor vila de pescadores e fica nas redondezas da Ilha Rasa, onde seus 51 habitantes – maioria integrantes de uma grande família da populosa vizinha vila de Almeida – enfrentam a falta de acesso às políticas públicas. Sem acesso à escola, desde antes da pandemia, Taquanduva é o reflexo da posição de IDH do município de Guaraqueçaba entre um dos piores do estado e uma das 14 regiões mais pobres do Brasil.

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